Advogado Diego Cherulli afirma que, ao esperar punir entidades para indenizar vítimas, INSS pode ser cobrado a devolver valores ainda maiores por danos morais e materiais. O ressarcimento aos aposentados que foram vítimas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e sofreram descontos irregulares é um dever do Estado Brasileiro.
No entanto, para o advogado e presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário, Diego Cherulli, as regras publicadas nesta terça-feira (13) falham ao contar com a recuperação do dinheiro descontado indevidamente pelas entidades para, só então, proceder a devolução às vítimas.Para Cherulli, essa recuperação do dinheiro roubado é "quase impossível", e a demora coloca o INSS sob risco de ter que desembolsar valores ainda maiores, na Justiça, para arcar com indenizações por danos morais e materiais às vítimas do esquema.Na prática, segundo Cherulli, o INSS:vai abrir um processo para cada contestação, o que vai aumentar a fila;vai acabar não pagando os ressarcimentos, já que ficará no aguardo de uma restituição das entidades – o que dificilmente acontecerá;vai sugerir "outros meios" às vítimas para que elas próprias busquem o ressarcimento junto às entidades."Nessa toada, o INSS passará a ser réu em todas essas ações, pois será quem terá recursos para pagar. As entidades não têm mais os recursos, por terem sido já bloqueados ou terem sumido", diz o especialista.INSS notifica vítimas de fraude nesta terça; veja como baixar o app e checar descontos irregularesINSS notifica vítimas de fraude nesta terçaCherulli alerta também para o risco jurídico desse modelo."O INSS vai se colocar em um enorme risco jurídico. Na Justiça, poderá ter de pagar em dobro, além de eventuais danos morais. Não foi uma estratégia inteligente. Isso vai aumentar a judicialização contra o INSS, que já é o maior litigante nacional. O custo desse golpe será pago pela sociedade em dobro ou triplo", explica.Devolver primeiro, brigar depoisMas.. o que o governo deveria fazer então?Segundo o especialista em direito previdenciário, o INSS deveria primeiro garantir a devolução do dinheiro às vítimas do esquema.E depois, por conta própria, buscar as vias de ressarcimento junto às entidades golpistas – sem deixar a parte judicial a cargo dos próprios aposentados.Nas últimas semanas, um verdadeiro "mercado" surgiu após as denúncias. Há plataformas vendendo fórmulas para calcular o prejuízo. Os advogados dos aposentados, no entanto, devem acionar judicialmente o próprio INSS – que pode ser levado a pagar um custo judicial alto."[Deveria] Devolver o dinheiro agora e estancar e problema. E depois, o INSS correr atras para repor. Na Justiça, como será, o valor que o INSS vai ter de pagar será maior do que se fizesse a devolução agora."Miriam Leitão: Meu INSS é confuso, governo precisa facilitar acesso
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