FPS encerra roteiro da comitiva com visita à Fazenda Boca da Onça, no Pantanal

Após três dias de imersão no coração do Pantanal mato-grossense, a comitiva do programa Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) encerrou, nesta quinta-feira (15), sua programação na propriedade “Boca da Onça”, de André Thuronnyi, localizada às margens da Transpantaneira, em Poconé (MT). A visita marcou o início da assistência técnica e gerencial na fazenda, que agora integra oficialmente o programa realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e Embrapa Pantanal.
André Thuronnyi é empresário do ecoturismo e pecuarista. Dono da tradicional Pousada Araras Eco Lodge, ele viu na pecuária sustentável uma aliada na conservação do bioma pantaneiro. “O programa Fazenda Pantaneira Sustentável traz uma nova esperança para quem vive e trabalha no Pantanal. Estou confiante de que, com gestão, assistência técnica e foco em produtividade, vamos ver a fazenda se desenvolver com equilíbrio, respeitando o ambiente e gerando renda para a região”, afirmou.

Com a chegada da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar-MT, André acredita que poderá aprimorar ainda mais a gestão da propriedade, unindo o conhecimento empírico à inovação trazida pelos técnicos. A expectativa é que o modelo da Fazenda Boca da Onça se torne um exemplo de que é possível produzir e conservar no bioma mais biodiverso do mundo.
“O programa FPS já atende diversas propriedades na região, com foco em rentabilidade, conservação e apoio à cultura local, mostrando que o Pantanal pode ser produtivo sem perder sua essência”, disse André.
Para reforçar o compromisso do programa, o gestor e o coordenador da ATeG, Bruno de Faria e Eduardo Barone, respectivamente, destacaram: “A FPS está no Pantanal com o compromisso de promover uma pecuária mais eficiente, conectada à realidade do pantaneiro e alinhada à conservação do bioma. Acreditamos que, com gestão, tecnologia e respeito ao conhecimento dos pantaneiros, é possível fortalecer a produção, melhorar a rentabilidade e ainda proteger o meio ambiente”.

A história de André com o Pantanal começou em 1976. Em 1996, ele arrendou a pousada e, para garantir a continuidade do projeto, comprou terras no entorno — foram 480 hectares inicialmente. Anos depois, adquiriu mais 2.050 hectares do outro lado da estrada, consolidando uma área de aproximadamente 2.800 hectares, onde hoje se desenvolve a Fazenda Boca da Onça.
Durante sua trajetória no turismo de natureza, André implementou uma rigorosa gestão ambiental na propriedade. “Ao longo de mais 30 anos, plantamos árvores nativas frutíferas e criamos ambientes com água para atrair a fauna. Isso fez toda a diferença para restaurar o equilíbrio ecológico aqui”, destacou.
No entanto, com o aumento dos períodos de seca e o consequente risco de incêndios, ele percebeu que a pecuária também era uma aliada da conservação. “Aqui no Pantanal, o pasto bem manejado impede que o capim seco se acumule e se transforme em combustível para o fogo. Criar boi se tornou parte da solução.”

Na Boca da Onça, a produção é integrada: o gado e o búfalo são abatidos para consumo da pousada; o gado Caracu é utilizado para produção de leite, coalhada e queijo; e os animais da raça Nelore são destinados à venda de bezerros — uma vocação natural da região, mais propícia à cria do que à recria.
A tradição pantaneira também é valorizada com a criação de cavalos pantaneiros, utilizados nas expedições promovidas pela pousada. “Andar a cavalo no campo alagado é uma vivência única. Criamos nossos próprios cavalos para garantir que eles estejam preparados para interagir com os turistas desde cedo e para preservar essa herança cultural do Pantanal”, explicou André.
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