Congresso tem semana de recesso branco com deputados e senadores no exterior

(FOLHAPRESS) - Com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fora do país, o Congresso terá mais uma semana esvaziada, com recesso informal já confirmado para todos os deputados federais.
Além da agenda enxuta nas comissões da Câmara, não haverá votações no plenário.
O esvaziamento foi justificado pelo esforço para a aprovação de medidas controversas na última semana, como o projeto que aumenta o número de deputados de 513 para 531 e o requerimento que suspendia a ação penal contra o deputado e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL-RJ) -o Supremo já decidiu pela derrubada da medida.
O calendário da Casa prevê eventos pontuais durante a semana, como sessões de homenagens ao dia internacional da enfermagem, ao dia do medicamento genérico e à procissão do fogaréu da cidade de Goiás, além de audiências públicas em parte das comissões.
No Senado, ao menos 10 senadores receberam autorização para viajar ao exterior -a maioria com custos pagos com dinheiro público. A partir dos pedidos de autorização apresentados, a reportagem identificou três agendas distintas nos Estados Unidos durante a semana: dois fóruns empresariais em Nova York e uma missão da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado em Washington.
A participação de congressistas e ministros em encontros fora do país tem sido cada vez mais comum. No ano passado, Câmara e Senado desembolsaram ao menos R$ 600 mil para bancar a ida de 30 parlamentares a um fórum jurídico em Portugal.
Já os senadores Magno Malta (PL-ES) e Damares Alves (Republicanos-DF) anunciaram que vão à Argentina para visitar brasileiros que fugiram ao país vizinho após os ataques golpistas de 8 de janeiro. A dupla pretende inspecionar um presídio em que estariam ao menos cinco deles.
Alcolumbre, por sua vez, acompanha o presidente Lula (PT) em viagem à Rússia desde a última terça-feira (6). O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-PI), e três deputados federais, além dos líderes do PT e do PDT no Senado, juntaram-Lula tenta estreitar as relações com o Congresso -e especialmente com Alcolumbre- em um momento delicado para o governo, em que a oposição pressiona pela criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) ou uma CPI mista diante do escândalo de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O objetivo do Palácio do Planalto é adiar ao máximo ou enterrar a instalação de uma comissão de investigação.
A investigação sobre o caso levou o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) a entregar o cargo e forçou o presidente Lula a demitir Alessandro Stefanutto do comando do INSS.
Mesmo com um novo ministro da Previdência pedetista, a bancada do partido na Câmara deixou a base do governo e disse buscar alternativas para as eleições presidenciais do ano que vem.
O novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, foi convidado pelo Senado para tratar do assunto na Comissão de Fiscalização e Controle. A agenda ainda não foi confirmada, mas poderá ocorrer na próxima quinta-feira (15).
Alcolumbre também tenta costurar um projeto de lei alternativo ao da anistia aos golpistas de 8 de janeiro sob o argumento de que é preciso evitar um perdão amplo e liberar a pauta do Congresso para outros assuntos.
Em vez de anistia, pessoas que não planejaram nem financiaram a destruição teriam as penas reduzidas.
Essa é a terceira viagem do presidente do Senado com Lula em cerca de um mês e meio. No fim de março, o senador acompanhou o petista na missão ao Japão e ao Vietnã. No mês passado, a dupla viajou com Barroso e Motta para o velório do Papa Francisco, no Vaticano.
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