Papa Francisco: da periferia de Buenos Aires ao “papa do povo”
Uma biografia completa, com detalhes pouco contados, sobre o pontífice que redesenhou a face da Igreja Católica no século XXI

Infância e raízes portenhas
Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936, no bairro operário de Flores, em Buenos Aires, filho dos imigrantes italianos Mario José Bergoglio (contabilista ferroviário) e Regina María Sívori, dona de casa. Cresceu como o mais velho de cinco irmãos e se formou técnico químico antes de sentir o chamado ao sacerdócio. Durante a juventude trabalhou como faxineiro de boate e porteiro de discoteca — experiências que depois citaria para falar da dignidade de qualquer trabalho.Wikipedia
O encontro com os jesuítas e a cirurgia no pulmão
Aos 21 anos, depois de sobreviver a uma pneumonia grave, teve parte do pulmão direito removida — algo que despertou nele o senso de fragilidade humana. Ingressou no seminário diocesano de Villa Devoto e, em 1958, começou o noviciado na Companhia de Jesus. Foi ordenado sacerdote em 1969 e tornou‑se provincial dos jesuítas argentinos em 1973, aos 36 anos, liderando a ordem em plena ditadura militar.Vaticano
Bispo das “villas miserias”
Nomeado arcebispo de Buenos Aires em 1998 e cardeal em 2001, Bergoglio preferiu morar num pequeno apartamento, cozinhar a própria comida e circular de metrô para visitar as “villas miserias” — favelas da capital — construindo uma pastoral de proximidade com dependentes químicos, catadores de lixo e imigrantes. Esse estilo simples se tornaria sua marca.People.com
Um conclave de virada (2013)
Em 13 de março de 2013, no segundo dia de votação após a renúncia histórica de Bento XVI, Bergoglio foi eleito o 266.º papa. Escolheu o nome Francisco em honra a Francisco de Assis, sinalizando prioridade aos pobres, ao diálogo inter‑religioso e ao cuidado da “casa comum”.Reuters
Agenda social, ambiental e diplomática
Laudato Si’ (2015): primeira encíclica papal dedicada ao clima, criticando o “paradigma tecnocrático” e chamando líderes a “ouvir tanto o clamor da terra quanto o clamor dos pobres”.
Fratelli Tutti (2020): defesa de uma fraternidade global que rejeite “muros” e populismos.
Pontes inéditas: visitas históricas a Mianmar, Iraque e Emirados Árabes; acordo provisório com a China sobre a nomeação de bispos.
Reformas internas: fusão de dicastérios para agilizar finanças, ampliação de mulheres em cargos‑chave, revogação do sigilo pontifício em casos de abuso sexual e criação de normas mais duras para crimes ambientais no Direito Canônico.Time
Comunicação digital e cultura pop
Mesmo declarando “não saber usar computador”, Francisco tornou‑se o primeiro papa no Instagram (@franciscus), batendo o recorde de 1,4 milhão de seguidores nas primeiras 12 horas em 2016, e o primeiro a gravar um TED Talk (“The only future worth building includes everyone”, 2017), apelando a uma “revolução da ternura” entre poderosos.TimeTED Seu carisma gerou memes virais — de selfies com jovens à foto vestindo bata branca e gorro de lã — aproximando a fé católica do universo online.Time
Curiosidades pouco conhecidas
Curiosidade | Detalhe |
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Torcedor fanático | Do clube argentino San Lorenzo, cujo escudo carregava no bolso. |
Tango e maté | Organizava rodas de mateada no Seminário; dançava tango nos aniversários dos noviços. |
Carteira de motorista vencida | Desde 2013 nunca mais dirigiu — por obediência às regras vaticanas. |
Caridade anônima | Durante anos pagou aluguel de idosos na periferia portenha, em sigilo revelado só após sua eleição. |
Saúde, últimos dias e morte
Em 2024‑25 enfrentou internações devido a diverticulite, fragilidade no joelho e, finalmente, uma pneumonia dupla que exigiu 38 dias de hospital em Roma. Recebeu alta em 23 de março, mas o quadro se agravou. Morreu às 2h35 (horário de Brasília) / 7h35 (Roma) desta segunda‑feira, 21 de abril de 2025, em sua residência, a Casa Santa Marta. O comunicado lido pelo camerlengo Cardeal Kevin Farrell destacou sua “vida dedicada ao serviço do Senhor e dos mais pobres”.ReutersBusiness Insider
O que acontece agora
Velório aberto na Basílica de São Pedro de 23 a 25 de abril.
Funeral em 27 de abril, presidido pelo Decano do Colégio Cardinalício.
Sede vacante & Conclave: 9–20 de maio, com 119 cardeais eleitores; 79 % nomeados por Francisco, indicando possibilidade de continuidade de sua agenda pastoral.
Legado em três pontos‑chave
Igreja em saída: priorizou periferias geográficas e existenciais, inspirando bispos do mundo inteiro a adotar a cultura do encontro.
Humildade como linguagem universal: de lavar os pés de refugiados muçulmanos a telefonar para assinantes de jornal, fez da simplicidade um método evangelizador.
Pontífice da crise climática: colocou a ecologia integral no centro da teologia social católica, influenciando COP 21 e o Acordo de Paris.
Papa Francisco será lembrado como o pastor que usou a batina branca para abraçar feridos nas fronteiras do mundo — e que, com um smartphone nas mãos de seus auxiliares, levou essa mensagem a bilhões.
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